terça-feira, 26 de outubro de 2010

Relatorio da memória


Chovia mais uma vez, uma coisa muito comum, porém, algo que me irritava um pouco. Minha cama era o local maravilhoso para se descansar, mas para se refletir era melhor ainda. Estava deitada em meu quarto, olhando para cima, observando o teto cinza sobre mim e pensando um pouco. Os dias haviam sido intensos desde o funeral dos meus pais, que foi há dois meses, desde então eu estava morando com minha avó e com minha prima, a vaidosa Valentina.

Minha mente vagava pelos momentos que vivia ali e pelo ultimo com meus pais. Sabe, foi antes de eles saírem comigo para irem até o shopping, era o meu aniversário, íamos comemorar. Lembro-me que na volta uma luz ofuscou nossas vistas, depois o carro capotou e uma escuridão tomou conta da minha visão. Minha memória era nítida demais, parecia que havia sido ontem. O som da sirene da ambulância, minha visão turva, o hospital, a face da minha avó, a noticia, a mudança. Tudo se misturava em minha mente e me fazia chorar.

Droga, eu havia prometido que não choraria mais, porém como evitar se o coração se estreitava na cavidade de meu peitoral. Por que eu havia sido condenada a viver sem o amor de meus pais? O que eu havia feito? A culpa me consumia por dentro e somente meu travesseiro sabia das minhas lágrimas.

Olhei para fora, pela pequena janela do meu quarto e vi o céu cinzento. Levantei-me e caminhei até a janela. Podia ver a paisagem bucólica do lugar e isso me acalmava. Respirei fundo, limpei minha face e abri a janela. O vento gélido entrou em meu quarto, percorrendo-o e me fazendo sentir calafrios, no mesmo momento fechei.

Eu iria para a escola no dia, já que estava “melhor” e “apta” para ir- ou assim pensava. Voltei para cama, fiquei fitando o meu computador que ali estava desligado. Olhei para o porta-retrato ao meu lado, a foto dos meus pais era meu conforto. Talvez um dia os encontrasse.

Senti como se algo fosse acontecer em minha vida, algo que seria novidade para mim. Convenci-me que era a escola o algo novo, afinal, eu seria a novata sem graça e inteligente. Fechei os olhos, me cobri e logo iria começar a cochilar, ou até mesmo dormir.

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