quinta-feira, 21 de junho de 2012

Tudo aconteceu tão rápido...



E eu havia morrido, naquele momento eu estava morta, o coração que antes batia aceleradamente e fazia um som em meus ouvidos, agora estava paralisando. Eu escutava tudo, podia ouvir, podia ver, podia sentir. Eu estava ali ainda, estava morrendo. Olhava nos olhos dele e ele me agarrava em seus braços ainda mais fortemente, com um desejo incontrolável que eu me salvasse, mas não tinha mais salvação para mim. As lágrimas dele chocavam-se contra minha pele, fazendo o coração que estava paralisando-se quebrar-se ainda mais. Podia ouvir os cacos caindo no fundo de meu peito. Uma lágrima rolava de minha face, serpenteava-a e caia no chão.  Estava tudo acabando lentamente para mim e rápido para eles. O outro, meu noivo, parado com a arma na mão. A arma ainda liberava uma fumaça branca.  Começava a ficar frio, tudo parecia mover-se mais lentamente, meu corpo reclamava e sentiam-se cansado, minhas pálpebras insistiam em querer fechar-se.

Agora é o ponto da história a qual minha vida se passa pelos meus olhos, não é mesmo? Ou deveria ser assim. No momento só o que se passava eram os últimos minutos, os minutos decisivos.  As imagens e sons eram perfeitas e pareciam estar repetindo-se: os dois brigando para ver quem ficaria com a arma, eu correndo na direção deles, a gritaria, o som do disparo acidental, os entreolhares temerosos, a duvida de quem fora atingido, a surpresa ao ver que fora eu. Podia sentir também a dor, não a inicial do tiro, pois esta não senti, mas a dor quando a bala bloqueou um pouco do sangue, a dor que me fez cair de joelhos.

Um segundo seguinte e novas imagens e sensações vinham a minha mente: lembranças doces dos momentos que eu tive com aquele que agora me segurava como se eu fosse sua vida, as discussões amargas com aquele que disparou a arma, a face de minha mãe e a do meu pai me olhando orgulhosa ao saberem das minhas escolhas, os amigos que eu havia conquistado, os amores que eu havia perdido...

Um negro manto fora jogado em minha mente e em sobre meus olhos, me impedindo de ver direito. Agora eu estava afogando-me, tentando respirar, mas não conseguindo.  Tentava falar, mas não conseguia. Estava me afogando em um mar escuro e desconhecido.  Sentia uma pressão em meu peitoral, algo tentando me trazer de volta, mas foi inútil. Começava a ficar cansada e logo desisti, entregando-me e me perdendo nesse mar. Meu corpo já a alma não respondi. E com um único sorriso tranquilo me despedi dessa vida. 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Promessas



- Você irá segurar minha mão? – Falou docemente ao meu ouvido a voz mais linda que já pudera ouvir em toda minha vida – Você vai segurar minha mão quando tudo acabar? – Perguntou-me novamente, tentando, a qualquer jeito, acordar-me para poder responder. Ele acariciava minha face, que podia sentir que estava sendo aquecida pelos primeiros raios de sol. Seus lábios tocavam minha face e pude notar que ele sorria – Vai segurar minha mão?

-Sim! Até o fim, estarei lá, ao seu lado, segurando vossa mão. Não irei me apartar de você por nada. Se eu tiver que ir, irei ao seu lado, irei feliz, mil vezes feliz. Não ousarei ofender ou rogar pragas, pois isso será blasfêmia. Segurarei vossa mão e vós segurareis a minha. Tive a maior sorte de todas, a de conhecer-te. Nunca em minha vida tive tanta vontade de segurar a mão de alguém como tenho agora de segurar a vossa mão – Parei rapidamente, recompondo-me, enquanto recobria parte do meu corpo desnudo e deitado naquela cama.

- Irás ficar ao meu lado até o fim? Até que eu parta? – Ele sorriu docemente e seu sorriso me fez sorrir de volta – Prometa… Prometa que irá ficar. Por mim, prometa. Não vá sem mim, não parta antes de mim. Prometa! –implorou-o tão docemente, que assenti e sorri. Ah, como negar algo aquele anjo? -Prometo pelos céus, pela minha alma, por tudo que é mais sagrado, sempre estarei contigo. – falei calmamente, tocando-lhe a face com meus dedos brancos e frágeis – Estarei ali, ao teu lado, seja como for, estarei ali, sempre. Você me fez a mulher mais feliz do universo, seria injusto me afastar de ti. Mas prometa, prometa que não irás chorar se nada der certo e eu tiver que partir.

Ele calou-se, abraçou-me docemente como se fosse o ultimo abraço- e talvez fosse-, notei uma lágrima cair do seu olho, palavras… Não, não necessitava, o que ele fazia já respondia. Ela selava seus lábios aos meus como se nunca os selasse como se fosse a primeira vez. Ele sabia que com minha doença talvez não existisse o amanhã, mas quem se importava com o dia seguinte se tinha o presente a ser vivido? Ele então assentiu, faltaram-lhe palavras. Num sim assentido ele prometeu não chorar se algo acontecesse. Abracei-o ternamente e ele me agarrou. Eu o amava e o amo e jamais o irei deixar só.”


Pequenos textos II


Não era para acontecer, mas aconteceu. Não lamentarei, não irei chorar, não gritarei. Para que chorar, não é mesmo? Lágrimas podem ser interpretadas erroneamente. Como pode ser uma lágrima tão triste ou feliz virar algo deturpado, assim como um sorriso pode ser compreendido também errado. Não irei lamentar, pois as coisas acontecem por algo. Não gritarei, pois gritos nem interpretados são. Irei correr, correr para nunca mais ter que andar. Ver, ver para nunca mais ter que fingir. Falar,falar para nunca poder me calar. Irei ser quem sou, irei sentir o que sinto, sem mais, sem menos. Sou doce, sou amarga, sou encanto, sou desilusão. Talvez seja uma alusão? Não sei! Posso não estar falando nada que faça sentido, mas o amor faz sentido? Ah como pude lhe amar? Doce, doce amargo que escorre pelas minhas entranhas. Como pude amar-te? Ódio, oh ódio! Por que não me dominaste contra ele? Ódio, oh ódio ! Por que me abandonaste quando mais precisei de ti? Queria ainda sentir ódio por ti, mas amo, amo muito, amo mais do que a mim mesma. Como aconteceu? Quando aconteceu? Ah doce ódio, por que não estais comigo? Só queria que meu coração já não batesse mais por ti, minha mente não pensaste mais em ti e minha boca não falasse tão docemente seu nome. Droga! Eu te amo. Estou confusa e nesta confusão não consigo escrever um texto coerente. Mas para que coerência no amor ou no ódio? Nada. Mil vezes nada. Te amo, mas como desejo nunca te amar.


Por que deixei partir meu amor? Ah! Por que? Por que não acreditei em você? Por que não o impedi? Por que? Por que? Fui estúpida, insensata, irracional. Não, fui pior, muito pior. Não vi que a felicidade estava a minha frente e, como num passe de mágica ou num sopro fresco de brisa, o vi partir. Queria que voltasse. Preciso de você. Desejo você ao meu lado. Mas por que eu fiz aquilo? A culpa não foi nossa. Não foi nossa culpa nossa criança ter partido. Um acaso a tirou de nossos braços. Mas eu o culpei. Desculpe! Mas não consegui ver sua face sem ver a do nosso bebê, não consegui sentir seu toque ou cheiro sem remeter àquilo que perdemos. Desculpe! Perdão! Eu…Eu acho que só queria trazê-lo de volta, mas o que adiantou? Perdi mais um ser que sempre amei. Sinto-me culpada, mas como não se sentir? Queria tê-lo novamente, mas será que um dia poderei? Será que um dia você me perdoará? A culpa não… Não foi nossa! Só queria que soubesse que… Te amo!




Ah doce noite! Tu me acolheste como uma doce mãe, mãe dos fugitivos, mãe dos excluídos, mãe das criaturas de teu ventre negro. Vós sois tão graciosa, tão bela que me instiga que me faz amá-la cada vez mais. No teu manto estou protegida e somente vós podes me abrigar agora. O sol, o rei sol, me expulsou de vossos raios quentes. Apenas você, oh doce mãe, me acolheu sem preconceitos, sem perguntas. Mãe, tu és tão pacientes com seus raios brancos que tocam tão sutilmente minha pele. Oh doce mãe noturna, amo-te, mil vezes amo-te. Tu és tão formosa com vossa lua e vossas estrelas. Estrelas que parecem doces pontos brilhantes no céu, como um diamante em um colar. Amo-te mãe e no teu seio quero viver eternamente.


Pequenos textos



“ Quem lhe contaste que preciso de esmolas errou. Se voltaste por pena, vá, não quero compaixão. Por mais que lhe ame, sei que não me pertence mais, que não queres mais a mim, que escolheste outra para por em meu lugar. Não é porque meu coração esta em pedaços, que meu mundo esta invertido, que tudo não faz sentido que por pena de mim mesma irei me submeter a voltar convosco sabendo que não me ama. Vá! Não olhe para trás. Vá! De vossa pena não quero nada. Mas se fores meu, se eu estiver errada, diga-me e irei segui-lo. Se me queres, toma-me em seus braços gentis, acalanta-me em vosso peitoral e me beije, como nunca me beijastes. Faça-me sua, faça-nos um só. Se isto for pecado, não me importarei se for verdadeiro. Desejo-te como desejo respirar todos os dias, quero-te como quero que meu coração bata todos os minutos ou segundos. Mas se não me amas e estais voltando por dó de meu sofrimento, vá embora. Pegue vosso corcel mais veloz e cavalga-te para longe de mim. Não voltes… Não, não voltes. Mas se me amas ainda, fala e serei somente sua, até o fim de minha vida.”



“Beijes teu único acalanto pela ultima vez, olhes pela ultima vez teu amado ser, dance vossa ultima valsa, aproveites seu ultimo dia, ouve o ultimo cantar da cotovia, durmas em um lugar macio e despes tua insanidade. Agora venha rápido, venha ligeiro ao meu encontro, venha comigo para os esconderijos mais profanos e nefastos da sociedade, venha. Chamo-lhe, pois queres vir, chamo-lhe, pois não agüentas mais ficar onde não se sentes bem meu caro, chamo-lhe porque sentistes bem ao meu lado. Diante de vossa agonia, chamo-te. Este caminho não terá volta, então penses antes de vir. Porém, mesmo assim, ainda chamo-te.”



“Afoga-te nos teus sonhos, durmas o sono dos imortais, baile com a luz noturna da noite, toma-te o vinho mais delicioso de toda adega, embriaga-te pelos perfumes em vossa volta, mas nunca contestes teu destino. Teu destino, Oh caro amigo, é vaguear sem rumo, por caminhos tortuosos, sentido a brisa da alvorada tocar-lhe vossa pele, como a luz toca sutilmente a rosa vermelha. Conforma-te, não insulte vossos ancestrais, nem insultes vossa sorte, apenas caminha-te e vá. Porém, não incomode o sono imaculado dos cravos e das rosas, que ainda estão silenciados no leito. Vai-te, nobre jovem, a procura de vossa agradável e imaculada sorte nos canteiros, bueiros e cantos quaisquer. “

“Já se fazia ali, oh doce aurora, à noite, o manto sagrado e escuro, o manto que ocultava qualquer um. Lá, em uma sacada qualquer de um castelo, uma nobre jovem observava a lua, a mesma lua que um doce jovem observava da rua vazia. Seus olhares estavam na lua, mas seus corações, um no outro. Ambos sofriam dos mesmos mal: amor e ausência. O que era o amor? Um brinquedo perverso que nos faz chorar, algo perigoso quanto à pólvora e o fogo? Quanto mais vejo isto, mas percebo o quanto o amor pode ser perverso. Oh céus! Por que nos deste um coração se sabias que ele iria se partir? Suspiros, suspiros a meia noite, a meia lua, a meio ser. Não sentimos quando não vivemos, mas se vivermos podemos não querer mais desejar viver mais. Será que isto era uma comédia, uma comédia divina? Será que era uma brincadeira maléfica de alguém superior a nos, pobres mortais? Oh, céus e todas as coisas divinas, por favor, imploro, não brinquem conosco. Não mais! Oh cupido, por favor, se afaste. Não queremos mais sofrer.”

Os males humanos



A presunção e a intolerância podem arruinar o que temos de melhor em nossas vidas, umas vez que somos cegos para as coisas. O ser humano desenvolve cada vez mais uma grande capacidade de destruir o que tem de mais belo na vida por falta de sabedoria, ou ego inflado demais. O medo pode assustar e nos fazer correr para o que nós é seguro. Talvez o desconhecido traga consigo o medo e por isso somos intolerantes, uma vez que procuramos defesas no que conhecemos. Somos tão incompreensivos que não queremos entender o outro lado da moeda e queremos assim impor o que nós é correto. Porém a verdade é relativa e o ser humano é uma criança que ama brincar com verdades como se elas fossem brinquedos. Existe um pequeno grupo que pode ter até uma visão mais amplificada, porém não deixa de ser temeroso. Porém o bravo combate o medo e o medo já não se faz presente quando entendemos o desconhecido. Aquilo que uma vez fora desconhecido, agora se torna conhecido e tolerável, porem se tivermos vontade de entende-lo. Entender o que não conhecemos é mais difícil do que entender o que conhecemos, por isso preferimos por muitas vezes ficar na segurança da intolerância e na ausência da sabedoria e conhecimento. Ah triste é daquele que é cego por opção, pois este nada irá enxergar nunca em sua vida.

domingo, 1 de maio de 2011

Pressa na cidade


Fiquei observando a alguns dias as pessoas andando por ai e sabe no que reparei? Elas são muito apressadas, não param nem um segundo para olhar para cima e falar :” Nossa o céu esta lindo hoje! Azul como eu nunca havia visto antes.” Não notam os necessitados e são cegos para as belezas que alguns edifícios e paisagens urbanas tem.


Trabalhos, escolas, compromissos, tudo faz com que as pessoas tenham alguma desculpa para terem pressa, mas a verdade é que elas têm pressa por serem ansiosas e impacientes quase incapazes de esperar alguns minutos. Tudo gira muito rapidamente, as horas passam como um raio e nada pode conter isso. Mas isso é fruto de nossas mentes, que brincam conosco feito pivete brincando com os adultos.


Se pararmos um minuto de nossas vidas tão apressadas e olhar para os lados notaremos o quanto fizemos de mal e o quanto fizemos de bom para nossa vida e para a dos outros. Se pararmos realmente para refletir sobre o que fazemos, iremos procurar alternativas melhores para efetuar o que queremos e nos uniremos em torno de um ideal: um mundo melhor.


Falamos hipocritamente em mudar o mundo, mas como poderemos se nem ao menos paramos um minuto para mudarmos nos mesmo? Que tal desacelerar um pouco, enxergar realmente as pessoas ao nosso redor e o ambiente em que convivemos, desfazer idéias antigas e ultrapassadas para que outras ganhem vida, compreender e ajudar o outro que tem problema, se importar com as coisas que acontecem ao nosso redor? Não é pedir muito, pois será apenas um minuto e nada mais. Porém podemos parar mais do que um minuto para pensarmos e a reavaliarmos nossas vidas, com o propósito de transformar-las para melhor.


Penso que o problema de pararmos por alguns minutos é desconstruir um mundo que construímos a base de ilusões e mentiras, de não sermos mais alienados e passarmos a sabermos de tudo, de não mais ficarmos parados quando há uma injustiça e reclamarmos com nossas vozes elevadas. Não existe um mundo perfeito e nunca existirá, afinal caos e ordem andam de mãos dadas. Porém podemos fazer um lugar melhor, um lugarzinho que o caos não impere tanto.


Ironia é viver uma vida as cegas podendo ver, não ouvir apelos quando podemos ouvir, calarmos quando podemos falar,caminhar para trás enquanto podemos andar para frente, estagnar quando podemos evoluir. Então, olhem para as nossas vidas e vejamos o que nela esta errada, para mudarmos e vivermos melhor. Desacelerar, essa deve ser a palavra mais correta a ser usar, então, vamos frear enquanto podemos e mudar o que de errado existe em nós primeiro, para depois tentar mudar o que esta errado no mundo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Superar



Quer saber, não vou mais chorar pelo que perdi. O que foi perdido ficou no passado e agora devo olhar o futuro. Não me importo o quanto parte meu coração deixar tudo para trás, mas irei o fazer. Ninguém se preocupou comigo, então por que devo me preocupar com os outros? Me devo me preocupar comigo e com quem se preocupa comigo também.



Nada pode me fazer parar, nada vai me impedir de mudar, nada vai me fazer olhar para trás. Vou entrar no carro ou em algum ônibus, vou sair por ai, provar do que não provei, olhar o que jamais vi, sentir o que quero sentir. Vou pegar minhas roupas e colocar em uma bolsa, sair por ai sem destino e nenhum pensamento em minha mente irá haver. Vou sentir o vento em minha face, a liberdade tomar minha alma, meu coração ficar livre de qualquer coisa, vou sacrificar tudo que tenho para me conhecer melhor.



Chorei por dias e noites, perdi quem não queria perder, fui humilhada, meu coração ficou destroçado e cheio de cacos cortantes que o cortava todos os dias, fiquei olhando a vida passar sem ter animo ou certeza se queria ir com ela, sacrifiquei minha alma. Mas por que esse sacrifício todo se não foi reconhecido ou percebido?



Abandonarei isso tudo, deixarei para trás, não vou me arrepender, não vou me justificar, irei ser o que jamais fui e o que eu deveria ter sido. Não olharam para mim, não prestaram atenção nos meus sinais, então partirei. Irei de encontro com meu futuro e não vou esperar mais.



Vou sentir o doce vento da brisa marítima acariciando sutilmente minha face enquanto fecho os olhos e sinto os últimos raios de sol tocarem minha pele carinhosamente como se quisesse me amar. Vou sentar no meio do campo, sentir o perfume mais delicioso da flor mais perfumada, me embriagar com a paz do lugar, sentir as flores do campo tocando minha pele como um amante toca amorosamente a pele de sua amada. Eu vou… Esquecer tudo que um dia me fez chorar e vou caminhar em direção ao horizonte com a cabeça erguida e o coração fechado.