sexta-feira, 25 de março de 2011

Tratado de amor e morte

Estava sentado a beira de um abismo, olhando o mar e ouvindo seu som. Era um belíssimo som, principalmente quando ele batia nas rochas que havia ali embaixo. Fechei os olhos e fiquem a ouvir o doce som da brisa marinha e aproveitando seu toque sutil na pele de minha face. Fiquei esperando a hora certa de fazer o que tinha que fazer.


Minha vida passava lentamente pelas minhas pálpebras fechadas: a escola, minha família, a faculdade, tudo que tinha feito. Nada tinha sido agradável até a face do meu anjo aparecer. Lembrei da primeira vez que o vi: era uma festa de aniversário de uma amiga em comum, essa amiga estava interessada nele, mas quando fomos apresentados um ao outro, parece que algo eclodiu de dentro de nós.


A vida foi passando, viramos amigos, depois ficamos, namoramos e quando meus pais viram quem era meu namorado, o repugnaram, falando que eu havia traído a família ao namorar o inimigo. Inimigo? Sim. Minha família tinha divergências com a família dele- coisas de empresa. Ele foi expulso e eu proibida de vê-lo.


A dor corrompeu meu peito, então um dia fugi com a ajuda de minha irmã. Fui até a casa dele e ele já me esperava. Com a ajuda da minha amiga, combinamos de nos encontrar. Ele falou que se fossemos casados, ninguém iria nos separar mais. Achei incrível e aceitei. Dois dias depois nos casamos na igreja e no cartório.


Quando contamos para nossas famílias elas nos fizeram ficar separados e nos falou coisas que jamais pensei em ouvir. Mais uma vez fugimos. Encontramos-nos em um casebre abandonado na praia e tivemos nossa lua de mel. Combinamos que se não pudéssemos ficar juntos em vida, iríamos ficar na morte e assim fizemos um tratado.


Ouvi passos calmos vindo ao meu encontro, abri os olhos e o vi. Sorri e levantei-me, o olhei, sai correndo e o abracei. Demos um beijo demorado e muito mais intenso do que qualquer um. Olhei para ele me despedindo, suspirei e segurei fortemente sua mão. Eu estava com medo, mas tinha certeza do que iria fazer. Chegamos a beira do precipício, ele me olhou e eu assenti. Estávamos prontos. O olhei e juntos caímos. Batemos contra as rochas, porém não nos separamos. Enfim, não senti nada, mas sabia que havia morrido e ele também.


Enfim, do outro lado, nos encontramos. Sorri para ele e ele para mim. Estávamos juntos em fim. Compreensivos, os anjos nos retiraram de onde estávamos e nos colocaram em uma espécie de hospital. Sempre juntos e agora para sempre.


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