segunda-feira, 24 de maio de 2010

Diários de uma paixão


“Sabe como eu me sinto?” perguntou com uma certa dificuldade. Fiquei pensando, tentando elaborar teorias complexas, explicações possíveis e lógicas baseadas na expressão sutil de sua face angelical e com seu tom de voz, tentei lembrar de algo que ele havia me dito antes para poder saber do que ele falava, porém de nada adiantou meu enorme esforço, não consegui absolutamente nenhum pensamento para responder a pergunta.


“Sinceramente, eu não sei do que fala”, respondi, entregando toda minha dúvida sobre o que ele perguntava. Ele me olhou, indeciso, como se eu fosse alguém que pudesse matá-lo pelo simples fato de não saber. Era sempre assim quando queria me contar algo sério,sempre a mesma reação: me olhar como se eu fosse uma assassina fria e calculista, mexer e bagunçar o cabelo curto que ele tinha e respirar ofegantemente, como se tivesse corrido milhares de dezenas de quilômetros. Já o conhecia a tanto tem que podia ver o duelo interno dele em me contar ou não, mas no fim ele não suportou e me contou.


“Sozinho numa estrada fria e escura, abandonada por completo, como se nada tivesse sentido, tudo rodando e ficando sem rumo algum, como se estivesse no meio do olho de um furacão, sendo jogado de um lado para o outro, com extrema brutalidade”. Ele me olhou e seu olhar me entregava a verdade a profundidade de suas palavras, a mordida forte que ele dava freneticamente em seu lábio inferior revelavam sua insegurança e seu nervosismo. Realmente, estava perdido e apavorado, como se ele fosse uma criança solitária.


Minha única reação foi tomá-lo em um abraço carinhoso e maternal, preocupada, fiquei o observando, fazendo carinho em seus cabelos sedosos e disse em uma voz tranqüila: “Eu estou aqui, ao seu lado e não vou deixá-lo sozinho”.


“Mas e seu coração... bate como o meu bate?” Ele me perguntou em um ato só, me deixando desconfiada e novamente pensativa. Afastei-me um pouco para pensar no que ele perguntava, os olhos dele ficavam tristes e me acompanhavam. Contudo, nada entendi de sua pergunta.
“Não entendi!”falei, entregando-me novamente a dúvida que ele colocara no ar. Ele se aproximou de mim,lentamente, pegou minhas mãos, ficou me olhando nos olhos com carinho e deu seu meio sorriso encantador, o mesmo que fez meu coração disparar como se houvessem milhares de cavalos correndo nele.


“Estou assim porque seu coração, talvez, não bata como o meu bate. Ele acelera cada vez que escuta o doce som da sua voz, seu andar e seu sorriso, quando recebo um simples toque sem em minha pele. Meu coração se ilumina com sua luz e fica alegre com a melodia do seu ser. Sabe, você é a única que pode me salvar, e basta vir e ficar. Eu te amo!”

Após falar, ele colocou um de seus braços em torno de minha cintura, me olhou nos olhos mais intensamente, me abraçou ternamente e sorriu por completo. Meu coração acelerou ainda mais, assim como minha respiração, que agora estava ofegante, eu somente fiquei o olhando, com os pensamentos em desordem e meu estomago estranho, como se milhares de milhões de borboletas voassem nele.


“Basta uma palavra de negação ou um beijo, para que eu não insista mais ou vire seu escravo”, disse-me, me observando doce e seriamente, esperando minha reação. Eu também o amava, então minha reação foi colocar minhas mãos nas laterais da face dele e o beijar: um beijo apaixonado que selou nosso amor.

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